Ações da empresa valorizaram mais de 10% após anúncio dos EUA | Foto: Ricardo Beccari/EMBRAER
Quarta, 30 de julho de 2025
Por Guilherme Jeronymo/Agência Brasil
A Embraer ficou livre da taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Aeronaves, motores, peças e componentes de aviação aparecem na lista de cerca de 700 produtos considerados exceções.
Para a empresa, terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, a liberação é o reconhecimento da importância estratégica das atividades da empresa para Brasil e Estados Unidos.
"Continuamos acreditando e defendendo firmemente o retorno à regra de tarifa zero para a indústria aeroespacial global", afirma a nota da Embraer.
"Mais importante ainda, apoiamos o diálogo contÃnuo entre os governos brasileiro e norte-americano e permanecemos confiantes em um resultado positivo para os dois paÃses", complementa.
Na semana passada, a empresa informou que o tarifaço de 50% elevaria o preço de cada avião vendido aos EUA em cerca de R$ 50 milhões, o que acabaria por inviabilizar a venda. Considerando o perÃodo até 2030, o impacto poderia chegar a R$ 20 bilhões em tarifas.
Em nota publicada, no inÃcio da noite, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil – Amcham Brasil calcula que os 694 produtos excluÃdos da Ordem Executiva representam US$ 18,4 bilhões em exportações brasileiras no último perÃodo apurado (2024).
O valor corresponde a 43,4% do total de US$ 42,3 bilhões exportados pelo Brasil para os EUA, de acordo com a análise da entidade.
Somente o setor de aeronaves vendeu US$ 2 bilhões no ano passado, sendo metade somente em aeronaves leves, principal produto da Embraer. Apenas o setor de combustÃveis exporta mais, com US$ 18,4 bilhões em vendas em 2024.
Desde o dia 2 de abril, os produtos da Embraer estão taxados em 10%, o que permanecerá em agosto.
Ações
Com a inclusão de aeronaves na lista de exceções, as ações da Embraer valorizaram 10,93% nesta quarta-feira (30).
Entenda o tarifaço
Na Ordem Executiva, que elevou a tarifa para os produtos brasileiros em 50%, Trump argumenta que o Brasil é uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional dos EUA, classificação semelhante à adotada contra paÃses considerados hostis a Washington, como Cuba, Venezuela e Irã.
O documento afirma que o Brasil estaria perseguindo, intimidando e censurando "o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores que são graves violações dos direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil”.
Além do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, medidas do governo brasileiro em relação a plataformas digitais e decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foram citadas como justificativas para as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos ao Brasil.
“A perseguição polÃtica, por meio de processos forjados, ameaça o desenvolvimento ordenado das instituições polÃticas, administrativas e econômicas do Brasil, inclusive minando a capacidade do Brasil de realizar uma eleição presidencial livre e justa em 2026. O tratamento dado pelo governo do Brasil ao ex-presidente Bolsonaro também contribui para o colapso deliberado do Estado de Direito no Brasil, para a intimidação politicamente motivada naquele paÃs e para abusos de direitos humanos”, diz o texto.
No documento do governo norte-americano, o ministro Alexandre de Moraes é acusado de abusar de sua autoridade judicial “para atingir oponentes polÃticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, muitas vezes em coordenação com outras autoridades brasileiras”. Trump acusa o ministro de confiscar passaportes, prender pessoas sem julgamento e impor multas a empresas que não cumpriram “suas exigências ilegais de censura”.
Edição: Carolina Pimentel





