Terça, 22 de abril de 2025
Por Felipe Faleiro/Correio do Povo
As emergências de Porto Alegre mais uma vez estão superlotadas nesta terça-feira, conforme o Dashboard das Emergências da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Nos hospitais de alta complexidade, a Santa Casa de Misericórdia apresenta nesta manhã 218% de ocupação em seus leitos adultos, com 61 preenchidos para 28 operacionais. Já no Hospital de Clínicas (HCPA), a taxa de lotação é de 211%, com 46 em operação e 97 ocupados.
O São Lucas da PUCRS e o Hospital Conceição também têm ocupação superior a 100%. Os leitos pediátricos do Hospital Restinga e Extremo-Sul estão 67% ocupados, com oito dos 12 operacionais em uso. O hospital em questão está com a emergência restrita a partir desta terça até o próximo dia 6 de maio, para limpeza periódica dos dutos de ar-condicionado, conforme normativa da Vigilância Sanitária de Porto Alegre. Nos quatro pronto atendimentos (PAs) clínicos, a situação é ainda mais crítica.
Em todos, a lotação é maior do que 180%, com destaque negativo para a UPA Moacyr Scliar, com ocupação de 306%, sendo um terço dos pacientes de fora de Porto Alegre. Na Cruzeiro do Sul, havia 225% de lotação, enquanto na Bom Jesus e Lomba do Pinheiro, havia o mesmo percentual de 192%. Observando somente os leitos adultos no PA da Bom Jesus, havia ocupação de 342,8%, ou 24 solicitações de internação para sete camas disponíveis.
As causas são variadas, ainda conforme o dashboard da Prefeitura, com origens respiratórias, na Bom Jesus, e atendimentos de gastroenteorologia, na Moacyr Scliar e Lomba do Pinheiro. Está marcada para esta quarta-feira a primeira reunião interna da Secretaria Estadual da Saúde (SES) que busca dar seguimento ao projeto de repasse ao Estado da gestão plena da saúde na Capital, com a SES assumindo os contratos dos hospitais de alta e média complexidade, recebendo para isto os recursos do chamado Teto MAC, do Ministério da Saúde.
Foi a solução levantada na semana passada após reunião do governador Eduardo Leite com o prefeito Sebastião Melo e cerca de dez prefeitos da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal). A medida, que visa pôr fim à superlotação nas unidades de saúde, recebeu na ocasião aprovação imediata de Melo e intenção de aprovação por parte dos demais chefes do Executivo.
Simpa diz que cenário na Cruzeiro do Sul é “de guerra”
O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) criticou nesta terça a situação no Pronto Atendimento da Cruzeiro do Sul, com 38 pacientes em nove leitos. O sindicato definiu o cenário como “de guerra”. “A sala laranja está lotada e há pessoas nos corredores, instalados em macas e cadeiras danificadas e com péssimas condições de uso. A equipe de enfermagem não recebe informações sobre a situação de transferência dos pacientes, podendo somente acompanhar a evolução pelo sistema”.
Ainda segundo o Simpa, a situação é recorrente também em demais emergências municipais, e denúncias foram feitas inclusive ao Ministério Público, porém “a gestão municipal não promove solução concreta ao problema”. A reportagem fez contato com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) sobre a nota do sindicato e aguarda retorno.
O que diz a SMS
Em nota enviada à reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que atende diariamente cerca de 500 internações, sendo metade de pacientes advindos de outras cidades. A pasta reconhece que a ocupação - que já passa dos 100% em alguns serviços - compromete a segurança dos atendimentos.
A média de espera nos três prontos atendimentos da cidade gira em torno de três horas, aponta a SMS. A demanda varia entre casos sintomáticos de dengue, respiratórios e gástricos. "Em situações de urgência e emergência, a orientação segue sendo a busca direta por hospitais ou prontos atendimentos. Nesses serviços, o atendimento é feito com base no Protocolo de Manchester, que classifica os pacientes por gravidade, e não por ordem de chegada — ou seja, casos mais graves têm prioridade, garantindo o cuidado a quem mais precisa", diz a nota.